Pesquisa liderada por brasileira na Universidade Stanford mostra que alunos têm índice de cansaço 17% superior ao de trabalhadores
Todos estamos cansados por ter que trabalhar e estudar por videochamadas. A exaustão causada pelas plataformas, conhecida como “fadiga de Zoom”, já havia sido detectada por um estudo da Universidade Stanford realizado e publicado nos EUA no último mês de março. Agora, os brasileiros também estão cientificamente “certificados” como vítimas do fenômeno. Um novo estudo de Stanford, liderado pela pesquisadora brasileira Anna Carolina Queiroz, detectou como o cansaço das telas está prejudicando as pessoas no País — principalmente os estudantes.
Publicado nesta sexta, 14, e com resultados antecipados com exclusividade ao Estadão, o estudo entrevistou por meio de um questionário 633 brasileiros — estudantes de uma universidade em São Paulo e funcionários de uma empresa da área financeira. O questionário tinha 15 perguntas e avaliava a relação dos usuários com as plataformas de videoconferência. Entre as perguntas, os pesquisadores procuraram saber a frequência com que os participantes faziam chamadas de vídeo, se relatavam cansaço após o uso da plataforma e o quão esgotadas as pessoas se sentiam. Aspectos emocionais também foram levados em conta: se os usuários precisavam de um tempo sozinhos depois das conferências ou se ficavam desmotivados.
Os fatores não foram analisados separadamente na pesquisa. Ao contrário, eles eram considerados em conjunto para criar um índice de 1 a 5, sendo 5 o nível mais extremo de fadiga. Ao final, 18,32% dos participantes atingiram o nível máximo.
“Esse é o primeiro estudo do tipo que fazemos fora dos EUA, mas os resultados são bem semelhantes. O foco dessa pesquisa foi exatamente trazer essa validação para o Brasil e identificar esse resultado com relação a aspectos demográficos, para depois expandir os estudos”, afirma Anna ao Estadão.
Entre homens e mulheres, a relação de cansaço também corrobora o estudo aplicado nos EUA, que já havia detectado que mulheres ficavam mais cansadas que os homens. No Brasil, as mulheres reportaram 21% mais fadiga que os homens. Além disso, 25% delas apresentaram altos níveis de cansaço, contra apenas 8,5% dos homens relataram o mesmo problema.